O que é que as Ciências Farmacêuticas, o Marketing, o Design de interiores e a Aromaterapia Clínica Integrativa têm em comum? Muito pouco, uma vez que são áreas de saberes tão distintos ou Muito, já que são as áreas em que me graduei ou certifiquei. A questão está em tirar partido de todos estes interesses.
Tenho lido e aprendido bastante sobre desenvolvimento pessoal e sobre deixarmos vir ao de cima a nossa melhor versão e há uns autores que acho interessante referir para ilustrar um pouco este meu trajeto.
Um deles é o Simon Sinek, autor de livros como “Primeiro pergunte porquê” e “Descubra o seu porquê” e do famoso diagrama “Golden circle”. Explora a importância de começar com o “Porquê” antes de abordar o “Como” e o “O quê” e argumenta que entender o propósito subjacente é fundamental para o sucesso pessoal e organizacional.
Para chegar ao meu Porquê, e perceber o que realmente me move, tive de seguir as instruções de Sinek, voltar bem atrás à infância e já mais tarde à fase de estudante ou início de carreira.Em criança, a minha brincadeira preferida era fazer de conta que tinha a minha própria casa, um brincar às casinhas evoluído, já que não era com bonecas mas sim com outras crianças, cada uma tinha a sua casa, num pequeno anexo do jardim. Recordo de forma vívida, a vontade que tinha de ter o meu espaço (“casa”) o mais bonito possível, com as peças e os móveis que tinha à mão, indo ao detalhe das flores em pequenas jarras.
Muitos anos depois, esse cuidado, essa vontade de ter um espaço agradável passou para o meu quarto. Nessa altura comecei a usar incensos e óleos essenciais como forma de aromatização e a perceber o poder que tinham de me evocar memórias ou sentimentos.
Creio que o meu porquê vem destes tempos tão remotos, criar interiores conscientes que inspiram o mundo de cada um. É isto que me move.
Acho também tão interessante uma Ted Talk com a Emilie Wapnick, intitulado “Why some of us don’t have one true calling”. Ela assume-se como “Multipotentialite”, ou seja, uma pessoa que tem múltiplos interesses e a talk é exatamente sobre isso. Uma das conclusões interessantes que me ressaltou foi o seguinte diagrama:
Ou seja, a inovação pode resultar desta interseção entre duas áreas que pouco ou nada têm em comum. Trazendo este diagrama para o meu mundo, será que da interseção do Design de interiores com a Saúde e Bem-estar por via da Aromaterapia/Ciências farmacêuticas, resulta alguma inovação?
A verdade é que designers e clientes tendencialmente ignoram a possibilidade dos espaços estimularem o nosso sistema sensorial de forma completa. O sistema olfativo permite a comunicação direta entre o nosso ambiente e o sistema nervoso. Ao contrário dos outros sentidos, os aromas viajam diretamente para o nosso sistema límbico, que é responsável pelo nosso humor, memória e emoções. Por isso, é cada vez mais reconhecido o impacto significativo dos aromas na cognição, humor e comportamentos humanos, e por isso o enriquecimento da experiência do espaço.
Assim, o desafio passa por criar ambientes que sejam não só visualmente apelativos, mas também emocionalmente envolventes e cognitivamente estimulantes, através dos aromas, algo como Aroma Space Design.
O resultado são espaços usufruídos de forma plena, apelando aos 5 sentidos. Espaços harmoniosos, de cariz sustentável, intemporais e que traduzem a identidade ou a aspiração de quem os vive – interiores conscientes que inspiram o mundo de cada um.