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August 27, 2023

Conhecia quem já o tivesse feito mas nunca me tinha passado pela cabeça que o pudesse fazer também, a verdade é que a troca de casa faz confusão a muita gente, e eu não era exceção.

A troca de casa é uma prática que se refere à troca de imóveis, normalmente em período de férias, mas na realidade, pode ser durante o todo o tempo que as partes acordarem, como um ano sabático, por exemplo. A sua origem remonta à década de 1950 quando professores de sindicatos da Holanda e Suíça buscavam uma forma económica que permitisse mais viagens a um custo baixo. Entretanto, mais recentemente e com a disseminação da internet, várias plataformas foram sendo criadas, permitindo a agilização do conceito.

Como referi atrás, conhecia algumas das plataformas e até quem já o tivesse feito mas nunca me tinha passado pela cabeça fazê-lo.

Então o que mudou?

Há cerca de um ano conheci uma plataforma que me captou a atenção, Behomm. Trata-se de uma plataforma, criada por um casal de criativos da Catalunha e dedicada precisamente a Criativos e Design lovers, daí que as casas sejam submetidas a um crivo de curadoria. Nada tem a ver com dimensão, luxo, ou localização, nada disso, podem até ser pequenas casas de 50m2, perdidas no meio de nada, mas com uma estética cheia de alma. Outra das vantagens que considerei foi o facto de os membros precisarem de convite, ou seja, basicamente de conhecer alguém que já faça parte da comunidade ou “candidatar-se” a um convite. Assim, sinto como que se houvesse um certo controlo na inclusão de novos membros e, por outro lado, quase sempre a estética dos imóveis vai ao encontro de ambientes onde me sinto bem, “em casa”.

Para além de todas estas vantagens que considero, eu própria creio ter mudado um pouco nos últimos tempos, sinto-me agora mais desapegada, isto porque sempre fui muito ciosa das minhas coisas, não pelo seu valor intrínseco mas mais pelo valor estimativo. Por isso, quando agora preparei a casa, nesta nossa primeira troca, para receber a família, apenas tive o cuidado de a deixar o mais limpa possível e de conseguir alguns espaços livres para roupa e mercearias, nada mais. Não retirei um único objeto do seu lugar. Acredito que a família que para lá vai estimará a casa, tal como se da sua se tratasse e nós fazemos o mesmo.

A nossa troca

Estamos inscritos na plataforma há cerca de um ano mas só agora realmente concretizamos a troca. Recebemos ao longo deste ano inúmeros convites para troca mas tínhamos decidido que não faríamos férias que implicassem voos e por isso, estávamos mais confinados a Espanha. Quando refiro inúmeros convites, refiro-me a pedidos de troca de todo o mundo (EUA, Uruguai, Colombia, México, Canadá, Austrália, Islândia, Itália, Turquia, Dinamarca, Holanda, Espanha, Bélgica, França, Inglaterra ou Alemanha), o que é realmente bom, pensar em visitar algum destes destinos sem precisar de pagar alojamento.

Em Abril, estávamos a pensar nas férias de Agosto quando vi na Behomm esta casinha que me encantou, na costa da Catalunha. Preenchia todos os nossos requisitos para as férias, no meio do campo mas a curta distância da praia, muito simples mas cheia de estilo, um pequeno refúgio no mediterrâneo. Depois de contactar os proprietários percebi que podíamos ter um “match”, ou seja, eles terem interesse em vir para a nossa casa no Porto, no mesmo período, o que veio a acontecer. Passamos uns dias incríveis nesta casa, cheia de luz, no meio de um olival, aproveitando o melhor que a região tinha para nos oferecer.

As vantagens

Com a primeira troca feita reconheço várias vantagens neste sistema:

  • Viajar sem custos de alojamento, já que as trocas são feitas sem recurso a dinheiro;
  • Ficar alojado em locais muito bonitos a que de outra forma não teríamos acesso, vivendo a vida local tal como os locais;
  • Ter acesso a uma série de informações e dicas de forma a viver o melhor possível a região e conseguindo assim fugir a roteiros mais turísticos;
  • Uma forma de consumo colaborativo, já que se trata de transações diretas.

Várias pessoas próximas me comentaram que não percebiam como seriamos capazes de aceitar gente que não conhecemos em nossa casa. Percebo e tive esse mesmo pensamento durante muitos anos, mas a verdade é que agora me faz sentido e como diz a pessoa que me cedeu o convite para a plataforma “a troca torna-se um vício”. Acredito, até porque já estamos em contactos para as férias de inverno 🙂

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