Slow Design – Como fazer parte do movimento

June 7, 2017

Numa sociedade em que comprar um novo sofá está à distância de uns cliques, há quem resista a este ritmo acelerado de gratificação instantânea, em prol de um modo mais “lento” de decisão. Ao contrário da máxima time is money, o conceito slow propõe uma reflexão acerca do que está à nossa volta, seja a refeição que será consumida, seja a cadeira em que nos sentamos. Sendo um ramo do Movimento Slow – que começou em Itália em 1986, como o Movimento Slow Food (como reacção à abertura de um McDonald’s) – o Slow Design foca-se na origem, no processo e nos materiais, promovendo e valorizando o bem-estar individual, da sociedade e do meio ambiente.

Tem por isso uma abordagem holística e a sustentabilidade é um dos seus pilares, tendo como principal objetivo promover a consciência em relação ao consumismo desenfreado. Os objectos servem como porta-voz para mostrar que os valores tradicionais, o trabalho artesanal e a preocupação com a natureza são pontos importantes e que não devem ser esquecidos. A ideia principal é: comprar apenas aquilo que realmente nos serve, desde que seja bem-feito, durável e sustentável, privilegiando a qualidade em vez da quantidade.

Como aderir ao movimento?

Escolher Mobiliário Sustentável

Um dos fundamentos assenta na escolha de peças feitas à base de materiais e processos sustentáveis, acima de tudo é importante escolher peças que tenhamos vontade de manter por muitos anos, em vez de as substituir com frequência. Mantendo o mobiliário, ou até transformando-o, desacelera-se o processo de compra e deita fora. Daí a preferência por peças que não passam facilmente de moda ou que até já vêm de casa dos avós.


Comprar devagar

Não significa passar mais tempo numa loja, mas sim ponderar a compra e resistir ao impulso da compra ocasional. Por exemplo, quando optei por comprar uma manta de Minde, com toda a carga positiva que tem, por ter sido feita para mim e ter um grande património artesanal, estava certa que esta iria durar toda uma vida e quem sabe até passar a outra geração. O mesmo se passa com a manta Alentejana que trouxe de Monsaraz.

Optar por peças modulares ou multi-tasking
Adaptabilidade é outro princípio importante do Slow Design, uma vez que este movimento valoriza as modificações que vêm ao encontro de necessidades futuras. Apesar de, aparentemente, o Ikea representar o oposto do conceito Slow Design, a verdade é que, por exemplo, a estante que comprei para o escritório cumpre na perfeição este princípio! É uma estante básica, branca, modular, foi crescendo à medida das nossas necessidades e pode vir a ser modificada em qualquer altura.

Optar pelo artesanal
O Slow Design não gira apenas em torno dos produtos criados, também importam as pessoas e os processos por trás deles. Comprar a um artesão local é a forma mais simples de conhecer um pouco mais sobre o que está por trás. A conversa com o oleiro a quem comprei as famosas andorinhas de Bordallo Pinheiro, levaram-me a conhecer muito mais sobre S. Pedro do Corval. Mesmo comprando on-line pode ser possível a interacção com o artesão, o conhecer a origem da peça, por exemplo em sites como o Etsy ou The Citizenry.

Deixar a casa crescer connosco
Há aqueles que mudam para uma nova casa e em duas semanas a têm totalmente decorada. E depois há aqueles para quem a decoração da casa é um processo, sem data de finalização. Não acelerando o processo e saboreando cada peça que é comprada, a decoração vai reflectir a nossa forma de estar, a nossa vida e não será um amontoado de peças sem significado. É sempre bom deixar espaço para o que vamos encontrando no caminho, porque a nossa casa não é um lugar estático, vai mudando connosco.

Não é obviamente praticável seguir estes princípios para todas as peças, mas podemos sim reflectir e segui-los sempre que oportuno. O certo é que seguindo-os o mais possível estamos no caminho da decoração de um lar e não de uma casa (na verdade, em inglês soa melhor, é a diferença entre home e house).
E tu, como encaras a decoração da tua casa?

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