É tentador acelerar o processo e ir tomando algumas decisões, comprando ou eliminando peças, mas por vezes podem cometer-se alguns erros. O melhor mesmo é começar por pensar um pouco sobre o nosso propósito, ganhar distanciamento de “ruído” e tendências e procurar a clareza para criar um espaço à nossa medida. Assim, antes de partir para a ação, ajuda colocar-nos algumas questões:
1. Como vou usar o espaço?
Sejamos realistas e pensemos na nossa vida diária e não em projeções que só existem na nossa cabeça. Como vou usar cada área? Preciso de uma zona de trabalho, ou de um recanto para as crianças? Recebo muitos convidados? Tenho muitos livros, onde os vou colocar? Há tempos assisti a um live da Gracinha Viterbo, uma referencia no design de interiores em Portugal. Ela dizia que na sua casa não fazia sentido ter uma sala de jantar, exclusivamente para refeições, por isso esse mesmo espaço é também biblioteca e home office, porque não?
2. Que características quero manter ou criar?
3. Em que tipo de espaços me sinto mais confortável?
Gosto de espaços em tons mais suaves ou mais coloridos e enérgicos? Mais contemporâneos ou clássicos? Como me fazem sentir? Por exemplo, por mais que eu aprecie ambientes minimalistas, a minha casa dificilmente o será, porque sou pessoa de objetos, dos meus objetos, daqueles que estão na família há anos, que trouxe comigo de outras paragens ou que eu própria restaurei.
4. O que quero mesmo manter?
Há peças decorativas ou de mobiliário que quero mesmo manter? Aquela mesa da avó, o quadro oferecido pelos pais e que têm valor estimativo. Essas reportam-nos para as nossas raízes e tornam os projetos mais pessoais e genuínos. Devem é ser pensadas desde o início para evitar incoerência ou falta de espaço.
É ótimo beber de toda a informação que temos ao nosso alcance, revistas bonitas, Pinterest, Instagram, Blogs, mas podem levar-nos a uma encruzilhada. Gosto realmente desses ambientes ou cores ou estou só a ser levada por tendências? É bom conhecer as tendências, mas melhor ainda é saber o que nos faz sentir bem, porque a moda é efémera. Se na roupa é fácil acompanhar, nos interiores nem tanto, porque não trocamos de sofá todos os anos.
6. Estou a pensar na divisão e/ou na casa como um todo?
É fácil saber se se gosta ou não de uma peça, mas irá funcionar no conjunto do ambiente? Ainda que não se comprem todas as peças de uma assentada, é bom ter a big picture, para que haja coerência no ambiente.
7. Que orçamento poderei dispor?
Ter uma noção de quanto poderemos despender é indispensável, porque não adianta querer ter peças de autor, se no final só temos orçamento para o Ikea. Claro que entre estes extremos há toda uma paleta de recursos a explorar, mas é importante estar balizado.
O design de interiores não trata apenas do lado estético, trata também de conforto e funcionalidade. De que me serve ter uma parede lindíssima cheia de arte, se preciso é de uma estante para guardar todos os livros? De que me serve um escritório, se acabo sempre por levar o computador para o sofá ou para a mesa da sala, para estar próximo da família?
Depois de ponderar sobre tudo isto, já deveremos ter uma noção mais clara do que pretendemos para a nossa casa. Por isso, agora vem a parte mais divertida, pesquisar, inspirar e começar a planificar, com o indispensável Mood board, que veremos no próximo post.