Que melhor combinação poderia haver que associar um património cultural da Unesco, a design contemporâneo? A Bisarro Ceramics é isso tudo.
A olaria negra é uma arte que remonta ao século XVI e foi sustento de dezenas de oleiros na aldeia de Bisalhães, Vila Real. De geração em geração transmitiu-se o conhecimento do barro, a arte de o moldar, de o coser e dar forma às louças, que são estandarte desta localidade.
A olaria de Bisalhães é conhecida pela cor negra e o segredo está no forno e no método de cozedura. O forno é um buraco aberto na terra e as peças são colocadas sobre uma grelha, com a lenha a crepitar. Por cima coloca-se uma camada de rama de pinheiro verde a arder e, para impedir a libertação de fumos da cozedura, o forno é abafado com caruma, musgo e terra. E este é o segredo da cor do barro de Bisalhães, abafar a cozedura, que dura cerca de 24h, faz com que a cor negra fique impregnada nas peças.
Desde 2016, que a olaria negra de Bisalhães é Património Cultural Imaterial da UNESCO.
Este reconhecimento internacional possibilita partilha deste conhecimento ancestral com o mundo, e motiva a implementação de um plano de salvaguarda, que vai desde a form
ação de oleiros, certificação do processo e até incentivo ao surgimento de novas utilizações e designs para este material único.
É neste contexto que nasce a Bisarro (palavra que junta Bisalhães e barro), resgata esta forma tradicional e original de trabalhar o barro e complementa-a com design contemporâneo. A marca propõe-se reavivar esta arte, que apesar de património da Unesco, se encontra em vias de extinção, e leva-la a novos rumos. Procura conjugar a matéria base, o barro preto, com outros recursos bem nacionais como a cortiça, a latoaria ou o curtume.
Por trás da Bisarro estão 3 product designers de Vila Real, Renato Costa, Daniel Pereira e Micael Pereira. Atualmente, estão disponíveis 9 peças que levam o nome de expressões transmontanas: Cunca, Cibo, Alguidar, Batoque, Cântaro ou Levanto.
“O que tem o design a acrescentar à tradição?