Missão cumprida

September 8, 2019

Aquele sentimento bom de missão cumprida, é o que sinto neste momento. Em meados de Outubro do ano passado, decorria a minha licença de maternidade, propus-me concretizar um desejo que tinha há muito, um curso de design de interiores. Pois bem, no final de Julho concluí este desafio, tão gratificante esta sensação!

Olhar para trás, para o ano que iniciou com o nascimento da Clara e que terminou com o seu primeiro aniversário, é simplesmente surpreendente e maravilhoso. Foi um 2 em 1 perfeito. Ver a minha bebé crescer, com todos os desafios inerentes ao primeiro ano de vida e, paralelamente, concretizar um sonho antigo. Deu luta, sem dúvida, principalmente depois da licença terminada e com isso o regresso ao trabalho. Foram muitas horas de dedicação, depois de todas as “obrigações” profissionais e familiares, mas desfrutei muito! Aprendi, pesquisei, concretizei, e concluí com uma ótima nota.
O curso está estruturado, de forma a completarem-se quatro projetos, o últimos deles o de um espaço comercial, que obedecia a determinados pressupostos:
– Localização na rua do Ouro, em Lisboa, no local onde em tempos funcionou a livraria Rodrigues;
– O espaço comercial teria de suportar uma zona de venda de material para dança, uma zona dedicada à promoção da cultura da dança e uma outra zona, para venda e consumo de refeições ligeiras;
– O cliente era Yves Saint Laurent!
Tudo isto começou por ser um grande quebra-cabeças, porque precisava de um fio condutor para todas estas condicionantes, de forma a criar algo que me fizesse sentido. Mas, por ter sentido esta dificuldade, mergulhei no assunto e aprendi muito.

A Livraria Rodrigues, fundada em 1863 e encerrada em 2017, foi a segunda livraria mais antiga de Lisboa. Mas, uma outra circunstância marca o passado deste espaço, ter sido a sede da revista Orpheu, lançada em 1915 e que assinala o início do Modernismo em Portugal.

Como cliente tinha o famoso criador de alta-costura francês, que para além da moda, era um apaixonado pelas artes em geral, como a pintura e o ballet. Ao longo da sua carreira, foi expressando admiração por diversos pintores, através de peças que os homenageiam. Este “diálogo com a pintura” iniciou-se, em 1965, com uma série de vestidos, que prestaram tributo a Piet Mondrian, pintor modernista.

Ora, neste ponto o Modernismo unia já duas peças do quebra-cabeças, o espaço e o cliente. Faltava-me perceber qual o objeto de venda, ou seja, a que tipo de dança o espaço se ia dedicar, o que fui encontrar na própria definição de Modernismo. Esta corrente baseou-se na ideia de que as formas “tradicionais” das artes em geral se tornaram ultrapassadas, sendo fundamental criar uma nova cultura, que respondesse às exigências de funcionalidade, verdade estrutural e simplicidade. Isto significa que se passava da arte figurativa, representativa da realidade, para a arte abstrata. E a passagem do ballet clássico para a dança contemporânea, não é isso mesmo? Tinha assim encontrado o objeto de venda.
Este processo culminou com a criação do moodboard, que serve como orientador e base criativa.
Depois de todo este processo de estudo, desenrolou-se o processo criativo, com o desenho de layout do espaço, em 2D e 3D renderizado, escolha de materiais, texturas e mobiliário.
Tanto fica por dizer, mas no final o que conta são as imagens!

 

Tive um imenso prazer neste projeto porque tudo teve uma razão de ser, sem pontas soltas e, para além da componente criativa, obrigou-me a debruçar sobre temas culturalmente tão interessantes.
O próximo desafio? Desenvolver o projeto de interiores da minha futura casa 😉

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